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Uma chance para o lamento

Talvez você já tenha assistido a animação da Pixar chamada Inside Out (“Divertidamente”, no Brasil). Boa parte desse filme se passa dentro da cabeça de uma garota de 11 anos, Riley, e os principais personagens são as suas emoções – Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho – que a conduzem enquanto ela passa por sua primeira grande crise: uma mudança com seus pais para uma nova cidade.

Há muitos elementos nesse filme que refletem verdades cristãs, como o fato de que somos dirigidos por nossas afeições. Mas uma das principais lições do filme diz respeito à importância do lamento. A personagem Alegria busca garantir que a vida de Riley seja feliz, e procura suprimir qualquer indício de tristeza. A mãe de Riley também a pressiona a fim de que permaneça otimista. Mas somente depois de lamentar sinceramente a perda que sofreu é que Riley tem esperança de experimentar alegria e renovo.

Aqui, Inside Out ecoa uma mensagem chave de um dos livros do Antigo Testamento. Lamentações é o relato da destruição de Jerusalém em 587 a.C. Jeremias, chora pela desolação da terra (2.11) e pelo distanciamento de Deus (5.20). O lamento é importante, porque ele nos faz refletir sobre a importância do que se perdeu; como Davi (Sl 63), que, privado da presença do templo, se apercebe de sua necessidade de Deus. O lamento também nos impede de correr atrás de falsos finais felizes, o que nos livra de muitos ídolos. E, ao derramar nosso lamento em oração, como Davi o faz (Sl 31), nós somos consolados por Deus, que nos relembra de seus grandes feitos e nos dá esperança de uma verdadeira restauração futura.

Nós vivemos hoje um momento que é de se lamentar. Estamos privados da comunhão presencial. Não podemos nos ajuntar, tampouco participar da Ceia do Senhor. É momento de derramar lágrimas santas, enquanto ansiamos por restauração.

Como diz Scott R. Swain:

“Há um tipo de lembrança que acompanha o exílio da cidade de Deus (Sl 137.5-6), uma lembrança que leva a lágrimas fiéis (Sl 137.1-2) e que cultiva um anseio cheio de esperança pela restauração (Sl 63.1; 143.6), a lembrança daqueles que já provaram e que, pela graça de Deus, sabem que provarão e verão novamente a bondade do Senhor, seja na sua mesa na assembleia pactual, seja nas bodas do Cordeiro (Ap 19.9).”

Scott R. Swain (fonte)

Que não busquemos um falso consolo, mas nos resignemos a um santo lamento enquanto ansiamos por verdadeira restauração.

Rev. Weinne Santos