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Pra agora… ou pra viagem?

Quem já fez algum pedido em restaurante fast-food, provavelmente, já ouviu esta pergunta: “vai consumir aqui e agora, ou embrulhar e levar para comer depois, em outro lugar?”. Nem sempre percebemos que, ao tratar-se do Evangelho – o alimento para a alma – a pergunta também cabe. Afinal, o Evangelho serve para esta vida e para a próxima também. Como vamos recebê-lo? Pra agora, pra viagem, ou pra ambos?

O “evangelho” falso da prosperidade tem procurado atender, basicamente, aos anseios urgentes típicos de nossos dias, propondo vitória e sucesso “agora”, na saúde, nos relacionamentos e nas finanças. Pouco ou nada tem a dizer sobre vida eterna, galardão ou bênçãos espirituais nas regiões celestes (Efésios 1.3). Infelizmente, muitos dos que pregam o Evangelho verdadeiro têm sucumbido, na prática, a esse apelo pelo “agora”. As agendas de muitas igrejas se concentram apenas em programações de comunhão, assistência social, dicas para criação de filhos, mordomia financeira etc. Não há nenhum problema nessas atividades, mas a gente começa a desconfiar que algo está errado quando pouco se fala da volta de Jesus, do Juízo Final etc. Fica claro que as coisas estão desbalanceadas quando o irmão que chegou atrasado ao culto desconfia que alguém morreu só porque, do estacionamento, ouviu a igreja cantando “Oh! Pensai nesse lar lá do céu!”.

O jeito certo de reagir a esse equívoco não é viver apenas o Evangelho “pra viagem”. É óbvio que a nossa esperança em Cristo se estende para além desta vida. Se não for assim, “somos os mais infelizes de todos os homens!” (1Co 15.19). Mas devemos crer e anunciar que o Evangelho tem soluções maravilhosas para o “agora” também. Obviamente, não me refiro às promessas mentirosas e não bíblicas de prosperidade, mas ao fato de que, junto com Cristo, temos recebido todas as coisas que conduzem à vida – no presente – e à piedade (2Pedro 1.3). Aquele que não compreende estas coisas é cego (2Pedro 1.9). Nestes tempos de pandemia, oro para que nossos olhos enxerguem que o Evangelho verdadeiro, crido e pregado por nós, é não apenas fonte de orientação, encorajamento e consolo para as lutas do “agora”, mas também uma âncora bendita de esperança “pra viagem”.

Como vamos receber o Evangelho? Pra agora, pra viagem, ou pra ambos?

Rev. Marcio Roberto Alonso