Vamos pensar no seguinte cenário: toda a Palestina está dominada pelo Império Romano (63 a.C.). Isso significa grande desesperança para o povo judeu. Muita pobreza, muita gente doente, faminta e desamparada, por um sistema cruel de domínio. Interessante que esse período é chamado por historiadores de “a plenitude dos tempos”, ou seja, a transição do Antigo para o Novo Testamento cujo ponto central é a vinda do Messias.
Portanto, a palavra escolhida por Marcos “Evangelho” é muito significativa. Marcos inicia o seu Livro com as seguintes palavras: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. A palavra “evangelho” é traduzida do termo Grego euanggélion, que significa “boas novas”. O termo é derivado do verbo angello, que significa “anunciar” (anjo), e euangelos = “mensageiros”, ou seja, aquele que traz uma mensagem de vitória.
A palavra não era exclusiva da Bíblia, mas era usada de várias formas no mundo grego. 1) Ela tinha um significado político ou militar. Sempre era usada para comunicar uma notícia que resultaria em um grande bem para as pessoas – por exemplo, uma notícia de vitória militar: a notícia do fim da 2º Guerra mundial, com a derrota dos nazistas. 2) Ela também tinha um significado profético. No Antigo Testamento as boas novas sempre se referiam à renovação da esperança do povo de Israel pelo próprio Deus – por exemplo, Isaías 61.1s. Assim, Marcos escolheu esse termo porque ele diz respeito a um evento histórico que trouxe um tremendo benefício a toda a humanidade. Ou seja, são boas notícias sobre o Salvador de Deus, Jesus!
O termo “evangelho” usado por João Marcos tem dois objetivos: (1) são boas notícias sobre a pessoa de Jesus; (2) são boas novas que vêm do próprio Jesus. A boa nova apresenta Jesus e como ele mesmo quem proclama o evangelho. Portanto, o evangelho é o próprio Senhor Jesus. O nome Jesus não era um nome desconhecido – aliás, era bem conhecido desde o Antigo Testamento. O próprio nome de Josué é uma forma hebraica do nome Jesus, que significa “o Senhor é a salvação”. Em seguida, temos a designação que Marcos dá a Jesus, “Cristo”, que significa “ungido”: a tradução grega do termo hebraico “Messias”, a grande esperança do povo de Israel. Propositadamente, João Marcos une o nome à designação “Jesus Cristo”, revelando, assim, que Jesus é o messias prometido pelo próprio Deus por intermédio dos seus profetas. Portanto, embora o nome Jesus fosse conhecido, Marcos está declarando que esse Jesus não é um homem comum, um profeta ou coisa parecida. Marcos declara que Jesus é o “Filho de Deus”. Marcos registra que Jesus é chamado filho de Deus pelo próprio Deus (1.11). Diferentemente de Mateus e Lucas, Marcos não se preocupou em relatar o nascimento de Jesus. Mas, logo de inicio, ele revela que Jesus tem filiação divina (1.11), o próprio Senhor Jesus declara isso (8.38; 12.6). Marcos também demonstra a humanidade de Jesus em seu Evangelho. É muito interessante que ele inicia o seu livro usando o mesmo termo do livro de Gênesis (“No princípio”). Marcos faz isso de propósito, inspirado pelo Espírito Santo para mostrar que o seu evangelho é o princípio de um novo começo para todos aqueles que ouvirem o convite de Jesus para segui-lo.
Rev. Wilson Penalva